terça-feira, 6 de julho de 2010

Máximo Barro é parte da história do cinema brasileiro

Ele está em Belém para ministrar as oficinas da Bacuri – I Mostra de Cinema Infantil

Ao longo de sua carreira, ele já montou filmes de alguns dos mais importantes cineastas paulistas: Ozualdo Candeias (A margem, O vigilante), José Mojica Marins (Meu destino em suas mãos), Walter Hugo Khouri (A ilha), Rubem Biáfora (O quarto), além de alguns filmes de Mazzaropi, fitas religiosas e pornochanchadas.

Estamos falando de Máximo Barro, professor de cinema da Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP -, montador, pesquisador e escritor, que está em Belém participando, ao lado de Eliseu Lopes Filho, também da FAAP, como professor das oficinas da Bacuri – I Mostra de Cinema Infantil.

Máximo trabalha com animação desde 1953. "Encontrei a animação em decorrência do mundo do cinema. Comecei no cinema com a Multifilmes. Eu freqüentava muito o apartamento de um amigo, Milton Costa, que fazia animação. Iniciei fazendo montagens das animações dele", explica.

Barro é montador de filmes e por isso, segundo ele, a função que exerce se adéqua de forma diferente quando se trata de animação. "Se dependesse do lápis, eu não faria animação. Não tenho a menor queda pelo desenho", diz.

Para ele, a montagem de animação funciona no princípio inverso do cinema, em que se filma primeiro para depois fazer o resto. “No caso da animação, você sonoriza primeiro para depois gravar. Às vezes, nós separamos os quadros, por determinadas partes da palavra, e encaixa os movimentos da fala no áudio da palavra", revela o professor.

FAAP - A Faculdade de Cinema da Fundação Álvares Penteado é a única que ainda trabalha com negativo no Brasil. "Cinema se faz com negativo. A partir do quarto semestre, todos os alunos trabalham só com filme. O 16mm é a nossa bitola. Isso encarece os custos, mas é como o cinema é feito", afirma.

Além dos estúdios com material de última geração, a FAAP mantém uma filmoteca com filmes em 16mm e 35mm, além de DVD e VHS. “Temos ainda 6 mil fotografias e 3 mil cartazes, entre obras nacionais e internacionais”, diz.

Biografias - Em 2009, Barro lançou a biografia de José Carlos Burle, diretor de cinema e um dos três fundadores da Atlântida Cinematográfica, em 1941.

"A Atlântida viveu fazendo cinejornais. Eram 48 cinejornais e apenas três longas-metragens por ano. Antes da televisão, as notícias eram dadas pelos jornais e cinejornais. O cinejornal era exibido nos cinemas, a cada segunda-feira, com notícias sobre problemas políticos e sociais, futebol, o tempo", comenta o professor.
Ele também é do tempo em que se exibia obrigatoriamente nos cinemas, antes do longa, um curta-metragem em formato de cinejornal, formato que entrou em desuso já no final dos anos 1960.

Barro, que teve contato com José Carlos Burle durante 20 anos, acabou escrevendo sua biografia. Enquanto Barro montava os filmes de Burle, o contato deles era diário. "Fiz apenas um longa-metragem dele, Terra Sem Deus. Fiz ainda cinco curtas", conta.

Além deste, Barro já escreveu mais de 8 livros dentre os temas de cinema e da História da cidade de São Paulo. Entre eles, estão a biografias de Sérgio Hingst - Um Ator de Cinema; de José Carlos Burle - Drama na Chanchada; e o roteiro de Caçador de Diamantes, de Vittorio Capellaro, todos da Coleção Aplauso.

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